A Teoria da Geração Espontânea (Abiogênese)
Como surgiu a vida na Terra? Durante muito tempo se pensou
que ela teria surgido por geração espontânea.
A teoria da geração espontânea, também conhecida como
abiogênese, admitia que seres vivos podiam surgir espontaneamente da
matéria sem vida.
Certamente não teria sentido discutir a origem da vida se
admitirmos que os seres vivos, a qualquer momento, podem surgir de um
aglomerado de matéria bruta.
Assim, as discussões a respeito da origem da vida em nosso
planeta só passaram a despertar interesse quando a teoria da geração espontânea
caiu totalmente em descrédito.
Isso aconteceu graças, principalmente, aos experimentos dos
importantes cientistas: Redi e Pasteur.
Os Experimentos de Redi
Redi realizou seus importantes experimentos em fins do
século XVII.
Até essa época, a maioria das pessoas acreditava que seres
vermiformes que se desenvolvem em cadáveres de animais provinham da
decomposição da própria carne.
Redi levou em conta que, antes do aparecimento daqueles
animais, inúmeras moscas pousaram sobre a carne e nela depositaram ovos. Ele
imaginou, então, que os “vermes” poderiam estar surgindo dos ovos das moscas.
Imbuído de um forte espírito científico, Redi, em vez de
simplesmente descrever sua hipótese sobre a origem dos “vermes”, realizou
experimentos para testá-las.
Ele colocou cadáveres de cobras, peixes e outros animais em
alguns frascos de boca larga. Tapou alguns deles com uma finíssima gaze e
deixou outros abertos.
Nos frascos abertos, onde as moscas entravam e saiam
continuamente, surgiu logo uma enorme quantidade de animais vermiformes. Nos
frascos tapados com a gaze, onde as moscas não conseguiam entrar, não apareceu
um único verme, apesar de muitos dias terem se passado.
Redi, não satisfeito com essa comprovação, acompanhou o
desenvolvimento dos “vermes”. Verificou então que, após algum tempo, eles se
transformavam em moscas idênticas às que haviam visitado a carne.
Assim, Redi demonstrou que os animais vermiformes da carne
em decomposição eram, na verdade, larvas de moscas. A teoria de que eles
surgiam da decomposição da carne não tinha, portanto, fundamento.
Os Experimentos de Pasteur
A teoria da geração espontânea ficou muito desacreditada
após os experimentos de Redi. Quando se descobriram os organismos
microscópicos, porém, ela voltou a ser cogitada, para explicar a origem desses
minúsculos seres.
A Polêmica Sobre a origem dos Micróbios
Durante anos, os cientistas se dividiram em dois grupos:
aqueles que acreditavam na origem dos micróbios por geração espontânea e
aqueles que combatiam essa ideia. Para esses últimos, os micróbios
originavam-se de germes existentes no ar. Ao caírem em um ambiente propício,
eles se multiplicavam.
Os cientistas que combatiam a teoria da geração espontânea
realizaram experimentos bem planejados com o intuito de derrubá-la. Eles
ferveram líquidos contendo matéria orgânica e mantiveram uma parte dos frascos
fechada e outra parte aberta.
Os micróbios apareceram nos frascos abertos, mas não nos
fechados. Bastava, no entanto, abrir esses frascos para que, depois de poucos
dias, o líquido ficasse repleto de micro-organismos.
Os defensores da teoria da geração espontânea não se
convenceram com esses experimentos. Eles argumentavam que a vedação completa
dos frascos evitava a entrada de ar, e essa era a condição essencial para o
surgimento de vida no líquido nutritivo.
Essas discussões entre os cientistas a respeito da origem
dos micróbios prolongaram-se até 1860. Nessa época, o cientista francês Louis
Pasteur demonstrou irrefutavelmente que o aparecimento de micróbios em caldos
nutritivos decorre da sua contaminação por germes presentes no ar.
Os Frascos com Pescoço de Cisne
A experiência de Pasteur consistiu em colocar um líquido
nutritivo (água, levedo de cerveja e suco de beterraba) em balões de vidro de
pescoços longos. Os pescoços dos frascos eram esticados e torcidos de modo a
tomarem uma forma semelhante à de um pescoço de cisne.
Pasteur fervia o líquido de cada frasco, com a intenção de
eliminar todos os micróbios aí presentes. Em seguida, fazia com que o caldo
fervido esfriasse lentamente. Isso era necessário para evitar que a contração
brusca do ar dentro do balão sugasse demasiadamente rápido o ar de fora, o que
traria micróbios contaminantes ao caldo.
Com o resfriamento lento, o ar penetrava no recipiente de
vidro. Os micróbios, no entanto, ficavam retidos nas curvas do pescoço dos
balões.
Não apareceram micróbios nos líquidos desses frascos, mesmo
após meses ou anos. Bastava, no entanto, quebrar o pescoço do frasco para que
rapidamente o líquido se enchesse daqueles minúsculos seres.
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| Esquema do experimento de Pasteur sobre geração espontânea |
A explicação para esses resultados é que os micróbios
presentes no ar não conseguiam subir pelo pescoço retorcido dos frascos de
Pasteur. Ao se quebrar o pescoço, os micróbios caíam diretamente no líquido e
proliferavam.
A Teoria da Biogênese
Essa experiência e várias outras que se seguiram derrubaram
definitivamente a teoria da geração espontânea. Passou a ser aceito por todos,
então, que um ser vivo só se origina de outro ser preexistente, através da
reprodução. Surgia, assim, a teoria da biogênese.
Isso colocou em pauta uma nova polêmica: e os primeiros
seres vivos, de onde teriam vindo?


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